A entrevista por competências, também conhecida como entrevista comportamental, é uma metodologia estruturada utilizada nos processos seletivos para avaliar a compatibilidade do candidato com as exigências técnicas e comportamentais do cargo. Diferente das entrevistas tradicionais, essa abordagem se baseia no princípio de que o comportamento passado é o melhor indicador do comportamento futuro. Ou seja, busca-se entender como o candidato lidou com situações reais no passado — como conflitos, tomada de decisão, trabalho em equipe, liderança ou pressão — para prever como ele reagirá em contextos semelhantes no novo ambiente de trabalho. Essa técnica é especialmente eficaz para identificar habilidades interpessoais, valores e alinhamento cultural, proporcionando uma avaliação mais objetiva e alinhada às necessidades da organização.
Conduzir uma entrevista por competências de forma eficiente exige planejamento e um olhar atento sobre o perfil comportamental ideal para a vaga. O primeiro passo — e um dos mais importantes — é definir com clareza quais competências comportamentais e técnicas são realmente essenciais para o cargo. Isso significa ir além do currículo e entender quais atitudes e habilidades fazem diferença no desempenho da função no dia a dia da empresa.
Imagine que você está contratando um coordenador de projetos. Nesse caso, é provável que competências como comunicação eficaz, liderança, tomada de decisão e orientação para resultados sejam fundamentais. Mas como identificar isso?
Antes de iniciar o processo de entrevista, converse com o gestor da área para entender quais comportamentos, atitudes e habilidades são indispensáveis para o sucesso na função. Use a descrição da vaga como base e adapte com base nas experiências do time. Um exemplo prático: se a vaga é para atendimento ao cliente, a capacidade de escuta ativa e resolução de conflitos são competências cruciais.
Por exemplo, em vez de apenas anotar “trabalho em equipe” como uma exigência genérica, pense em situações em que essa habilidade se manifesta no cargo. Pergunte ao gestor: “Você já teve um colaborador que se destacou por essa competência? O que ele fazia de diferente no time?”
Imagine que você esteja entrevistando para a vaga de analista de marketing. Entre as competências essenciais, o gestor destaca “tomada de decisão” e “orientação para resultados”. Ao preparar a entrevista, você pode usar perguntas baseadas em situações reais para avaliar essas competências, como:
“Me conte sobre uma vez em que você teve que tomar uma decisão difícil com um prazo apertado. Como você lidou com isso e qual foi o resultado?”
Essa pergunta ajuda a identificar como o candidato lida com pressão e como pensa estrategicamente. Já para avaliar “trabalho em equipe”, uma boa pergunta seria:
“Fale sobre um projeto em que você teve que trabalhar em conjunto com outras áreas da empresa. Houve conflitos? Como foram resolvidos?”
Esses exemplos fazem parte da técnica chamada entrevista comportamental estruturada, onde o foco está no que o candidato fez no passado — pois comportamentos passados são fortes indicadores de comportamentos futuros.
Durante uma entrevista de emprego, uma das estratégias mais eficazes para entender como um candidato realmente se comporta em situações profissionais é aplicar o método STAR. Essa técnica é amplamente usada em entrevistas comportamentais para estruturar perguntas que levem o candidato a descrever experiências reais do passado.
O método STAR é um acrônimo que representa quatro elementos:
A ideia é explorar comportamentos passados para prever como o profissional pode agir no futuro. Isso oferece ao recrutador uma base mais concreta para avaliar competências como trabalho em equipe, resolução de conflitos, liderança, comunicação, entre outras.
Por exemplo, ao tentar avaliar a habilidade de trabalho em equipe, em vez de simplesmente perguntar “Você trabalha bem em equipe?”, o ideal é reformular a pergunta com base no STAR. Um bom exemplo seria:
“Conte sobre uma situação em que você teve que trabalhar com uma pessoa difícil em um projeto. Qual era o contexto? Qual era o seu papel e o que você fez para superar o desafio? Qual foi o resultado final da colaboração?”
Essa pergunta força o candidato a descrever um episódio concreto e ajuda a entender como ele lida com relacionamentos interpessoais, conflitos e colaboração.
Imagine, por exemplo, um candidato respondendo:
“No meu emprego anterior, trabalhávamos em um projeto com prazos apertados, e um dos colegas sempre entregava as tarefas com atraso. Como eu era o responsável por coordenar o cronograma (Tarefa), percebi que os atrasos estavam prejudicando o desempenho da equipe (Situação). Resolvi conversar diretamente com ele para entender os motivos. Descobri que ele estava sobrecarregado por não saber priorizar as atividades (Ação). Sugeri que redividíssemos as tarefas e o ajudei a usar um quadro Kanban simples para acompanhar as entregas. No final, conseguimos entregar o projeto no prazo e com qualidade (Resultado).”
Esse tipo de resposta mostra maturidade emocional, iniciativa, empatia e foco em resultados — todos elementos importantes para um bom trabalho em equipe.
Usar o método STAR com esse nível de profundidade aumenta a qualidade da entrevista e diminui o risco de contratar com base apenas em impressões ou respostas genéricas.
Durante o processo de recrutamento e seleção, aplicar uma entrevista com foco em evidências — também conhecida como entrevista por competências comportamentais — é uma das formas mais eficazes de identificar se um candidato realmente possui as habilidades que afirma ter. Diferente de entrevistas baseadas apenas em currículo ou perguntas genéricas, essa abordagem busca exemplos reais da experiência do profissional, permitindo uma avaliação muito mais precisa.
Em vez de aceitar respostas vagas como “Sou uma pessoa proativa” ou “Trabalho bem em equipe”, incentive o candidato a contar uma história completa, usando a metodologia STAR — Situação, Tarefa, Ação e Resultado. Por exemplo, se você está avaliando a competência de resolução de conflitos, em vez de perguntar apenas “Você sabe lidar com conflitos?”, você pode dizer:
“Me conte sobre uma situação em que você teve um desentendimento com um colega ou cliente. O que aconteceu? Qual era sua responsabilidade na situação? O que você fez? E qual foi o resultado?”
A partir dessa pergunta, é fundamental aprofundar. Não tenha receio de fazer perguntas de follow-up, pois elas ajudam a entender o contexto emocional e o comportamento do candidato. Perguntas como:
Essas perguntas não apenas validam a veracidade do relato, como também revelam a maturidade emocional, a capacidade de autocrítica e a habilidade de trabalhar em equipe.
Por exemplo, imagine que um candidato conte que liderou um projeto com prazo apertado e entregou antes do previsto. Em vez de apenas registrar esse feito, aprofunde com:
“Como você organizou a equipe para conseguir entregar antes do prazo?” “Quais obstáculos surgiram no meio do caminho?” “Teve algum momento em que você pensou que não daria certo?” “O que você aprendeu com essa experiência?”
Ao fazer isso, você transforma a entrevista em uma conversa rica em detalhes, que permite enxergar como o candidato pensa, sente e age diante de situações reais. Essa abordagem é extremamente valiosa para quem busca melhorar a assertividade na contratação, reduzir turnover e formar equipes com profissionais alinhados à cultura da empresa.
A avaliação por competências é uma das ferramentas mais eficazes para o desenvolvimento profissional dentro das empresas. Ela permite mapear habilidades específicas dos colaboradores com base em comportamentos observáveis, reduzindo a subjetividade comum em avaliações tradicionais.
Para aplicar essa metodologia de forma prática, o ideal é criar um formulário de avaliação por competências que inclua uma escala de pontuação (por exemplo, de 1 a 5), critérios objetivos e espaço para comentários qualitativos. Isso garante que cada competência seja analisada com mais clareza, promovendo um feedback eficaz e construtivo.
Por exemplo, ao avaliar a competência de comunicação, é importante observar se o colaborador consegue expressar suas ideias de forma clara e assertiva. Imagine um cenário em que ele participou de uma reunião com a liderança e conseguiu apresentar dados complexos de forma simples, facilitando a tomada de decisão. Nesse caso, ele poderia receber uma nota 4, com o comentário: “Boa articulação verbal e clareza na apresentação de informações.”
Já na competência de trabalho em equipe, você pode avaliar se a pessoa colabora ativamente com os colegas. Suponha que ela tenha se oferecido para ajudar outro setor a finalizar uma entrega urgente, mesmo que isso não estivesse entre suas responsabilidades diretas. Essa atitude demonstra proatividade e espírito de colaboração, podendo justificar uma nota máxima, com o comentário: “Mostrou iniciativa ao apoiar a equipe em uma demanda crítica.”
A chave para o sucesso na avaliação de desempenho por competências é garantir que cada item avaliado esteja embasado em evidências concretas, não em percepções genéricas. Ao registrar essas evidências no formulário, tanto o gestor quanto o colaborador ganham clareza sobre os pontos fortes e as áreas que precisam ser desenvolvidas.
Esse tipo de abordagem fortalece a cultura de desenvolvimento contínuo, engaja os profissionais e direciona as ações de capacitação com base em dados reais.
Ao final de um processo seletivo, é essencial realizar uma comparação detalhada entre os candidatos, levando em consideração as competências avaliadas. Essa análise permite uma escolha mais objetiva, transparente e justa, além de reduzir qualquer viés pessoal que possa surgir durante a avaliação.
Por exemplo, imagine que você está selecionando um candidato para a vaga de gerente de marketing em sua empresa. Durante o processo seletivo, você avalia habilidades como liderança, comunicação, conhecimento em estratégias digitais, e capacidade de análise de dados. Ao atribuir notas a cada uma dessas competências, você consegue criar uma pontuação consolidada para cada candidato, o que facilita a comparação.
Suponha que o candidato A tenha obtido a maior nota em liderança e comunicação, mas tenha um desempenho mais modesto em análise de dados. Já o candidato B se saiu muito bem nas competências técnicas, como conhecimento em ferramentas de marketing digital e análise de dados, mas não apresentou a mesma segurança em liderança. Essa comparação permite que você, como recrutador, tenha uma visão clara de qual candidato se alinha melhor às necessidades específicas da vaga.
Além disso, ao aplicar essa metodologia, você garante que a escolha do candidato seja feita de maneira mais imparcial, já que o foco está nas competências objetivas requeridas para o cargo, e não em impressões subjetivas. Assim, é possível tomar decisões mais acertadas e que beneficiem tanto a empresa quanto os profissionais selecionados.
Quando você está conduzindo uma entrevista, o objetivo é sempre obter informações reais sobre como o candidato se comporta em situações do dia a dia e como ele pode contribuir para a sua equipe. Para garantir que você colete dados úteis e precise, é importante adotar algumas estratégias eficazes.
Primeiramente, evite fazer perguntas hipotéticas, como “O que você faria se...?”. Embora esse tipo de questão pareça interessante, ela muitas vezes não oferece uma visão clara de como o candidato reage em situações concretas. Em vez disso, foque em perguntas baseadas em experiências reais, como “Conte-me sobre uma situação em que você teve que lidar com um prazo apertado. Como você gerenciou o tempo e entregou o projeto?”. Isso ajuda a revelar habilidades práticas e como o candidato se comporta em desafios cotidianos.
Outra dica essencial é garantir que o ambiente da entrevista seja acolhedor, mas ainda assim profissional. O candidato deve se sentir à vontade para compartilhar suas experiências, mas também deve perceber que a entrevista é um momento de avaliação séria. Para isso, é fundamental criar um clima de respeito e cordialidade, onde o candidato sinta-se confortável, mas também entenda que as respostas dele estão sendo analisadas com atenção.
Além disso, é fundamental registrar todos os detalhes logo após a entrevista. As impressões podem se perder rapidamente com o tempo, especialmente quando você tem várias entrevistas para revisar. Após cada conversa, tire um tempo para anotar os pontos-chave, as qualidades que se destacaram no candidato e qualquer outro aspecto que possa ser relevante para a decisão final. Isso também ajuda a evitar qualquer viés de memória ou julgamento inconsistente, permitindo que você tome decisões baseadas em dados claros e atualizados.
Por fim, sempre use o mesmo conjunto de perguntas para todos os candidatos da mesma vaga. Isso garante que a comparação entre os candidatos seja justa e que todos sejam avaliados com os mesmos critérios. Dessa forma, fica mais fácil analisar as respostas de forma imparcial e consistente, evitando que fatores externos ou perguntas diferenciadas influenciem o processo seletivo de maneira equivocada.
Em resumo, ao adotar essas práticas durante a entrevista, você terá uma avaliação mais precisa, eficaz e justa dos candidatos. Isso contribui não só para a seleção de profissionais qualificados, mas também para a construção de um processo de recrutamento transparente e bem organizado.
Quer saber mais? Entre em contato conosco agora mesmo! Oferecemos formação completa em recrutamento e seleção por competências, além de realizarmos a seleção de talentos para empresas de forma eficaz e personalizada.
☎️Telefona (34) 3229-7579
📲 Whatsapp (34) 9197-5206